Esses dias, depois de montar um aparador, eu comentava com minha esposa como devia ser muito mais difícil para os carpinteiros do passado.
Primeiro, não havia parafusadeira, nem parafusos que entrassem tão facilmente na madeira.
Segundo, não havia buchinhas e as furações para elas que permitissem encaixar as peças em seus lugares exatos para serem parafusadas.
A tecnologia facilita nossa vida em diversos aspectos: comunicação (smartphones e Internet), locomoção (aviões), construção (ferramentas), alimentação (eletrodomésticos), entre outros.
Só tem um probleminha: por exemplo, sou capaz de montar um móvel sem sequer ter experiência com carpintaria, porém esse móvel não vai durar dez anos; quiçá cinco!
Além disso, eu não tive que medir nada, apenas seguir um manual. No máximo usei um pouco de inteligência espacial para colocar as peças do jeito certo.
Tudo é mais rápido e mais fácil, entretanto com menor qualidade.
Podemos, inclusive, nos livrar de lixo tão rápido e entregas são tão corriqueiras que tudo concorre para que substituamos o que se quebra.
Começamos a fazer o mesmo até com relacionamentos! Pessoas acabam se tornando descartáveis…
Rapidez não é sempre sinônimo de eficácia. Uma base construída às pressas pode condenar a mais reforçada construção.
Estamos correndo. Construindo rápido. Entregando resultados medíveis, que importam para o cliente, no tempo contratado. Mas estamos progredindo com isso? Ou só estamos gerando mais documentos e artefatos que ficarão ocupando o disco do computador e do celular?
Tanto se faz que é impossível acompanhar tudo. E o que tiver alcançado sua atenção se desvanecerá em pouco tempo.
Tire um tempo para olhar para o todo. Entenda de que seu cliente precisa, lembrando que ele é uma pessoa, que tem objetivos. Pare para realmente aprender alguma coisa, não apenas sair fazendo para atingir uma meta logo.
Entenda das coisas como um carpinteiro de antigamente: que tinha que usar a cabeça e que não tinha as peças prontas.
Lucas Palhão 