Quarta-Feira Criativa S02E07 (02/03/16)

As regras são simples:

  1. Escreva um microconto (500 a 1500 caracteres sem espaços) que conecte as imagens dos dados
  2. Diga se aprova a republicação do microconto na antologia que será lançada no final da temporada
  3. Assine com o nome sob o qual gostaria de ser publicado e inclua um, e apenas um, link (do seu blog, página do Facebook, do Google+, ou qualquer outro) para vir abaixo da sua assinatura

Pronto! Ficarei eternamente agradecido por você ter compartilhado sua arte 🙂

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Quarta-Feira Criativa S02E07 (02/03/16)

Culpado por tirar muitas vidas, pedi que fosse trancafiado para não repetir meus erros. Arranjaram-me um bosque cercado por altos muros de pedra e fechado por um grande portão de ferro. Na verdade, nada disso era necessário porque eu não tinha intenção de sair. Mas talvez isso tudo fosse para manter outras pessoas fora, longe do meu alcance. Foram sensatos.

Eu perco a consciência em noites de lua cheia. Mais de uma vez recuperei os sentidos com minhas roupas rasgadas e todas sujas de sangue. Talvez não houvesse cura para isso, então acho que minha decisão foi acertada. Diria até que tiveram pena de mim, colocando-me em um lugar tão amplo e diria que até agradável.

Ao final de uma tarde qualquer, pude ver fogo pela fresta dos portões. Alguém teria ateado fogo ao cadeado de madeira? Momentos depois, alguém se aproximava da entrada. Por instinto, gritei a plenos pulmões:

Auuuuuuu!

E, para minha diversão, o sujeito saiu correndo! Não pude deixar de esboçar um sorriso e de pensar quem viria me trancar novamente.

33 comentários sobre “Quarta-Feira Criativa S02E07 (02/03/16)

  1. Lucas, segue o de hoje:

    Menina Má

    Ela estava na adolescência. O corpo tomando forma, as espinhas atacando seu rosto e seu cabelo sempre rebelde. Não era uma menina feia, mas também não era linda.

    – Sou bonita.

    Disse sorrindo e olhando-se no espelho de seu quarto completamente nua, após ter tomado um banho. Ouviu um ruído vindo da porta. Correu até lá, mas já não havia ninguém. Vestiu-se para o jantar.

    Estavam todos à mesa. Seu pai, sua mãe, seu tio e seu primo dois anos mais velho que ela. Fez questão de sentar-se ao lado dele e quando todos estavam absortos em conversas paralelas, encostou no ouvido do primo e disse:

    – Eu sei que você me espiava pelo buraco da fechadura.

    O rosto dele queimou de vergonha, entregando-o.

    – Não se preocupe, ninguém vai saber. Com uma condição.

    Ele empalideceu. Ela não deu a mínima e continuou:

    – Quero que me apresente o Gustavo, seu amigo. E é melhor, para o bem de todos, ele gostar de mim.

    O pobre rapaz engoliu seco. Não disse nada. Nem precisava. Ela sabia que ele faria tudo direitinho.

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  2. Boa noite, prezado Lucas. Primeiramente, parabéns pelo seu. Gostei bastante.

    O Meu segue abaixo. Sucesso e tenha uma excelente quinta.

    Amor ao Primeiro Som

    Nasceu cego, mas era feliz. Até que seus pais resolveram, desejaram e decretaram que ele seria músico. Várias foram as tentativas. Aos sete, aos nove, aos onze. Todas quase inúteis. Seus pais resolveram, não desejaram e decretaram que não seria músico. Nesse momento, Pablo resolveu, desejou e decretou que seria. Não somente um, mas o melhor de todos. É que ouviu uma música sendo tocada no teclado da igreja. Quando perguntou quem a tocava, disseram que era uma garota. Chamava-se Flor. E esta Flor era cega e tinha a mesma idade de Pablo.

    Foram apresentados. Tornaram-se amigos. Pablo a fazia rir como ninguém. Zombava da sua cegueira, da dela e da cegueira real, a do mundo. Apaixonou-se perdidamente. Primeiro pelo som dos dedos ao teclado, depois pelos sons que saíam das pétalas vocais da Flor. Até que ela, bem levada, pegou a mão de Pablo e deixou-o acariciar seu rosto. A mente dele formou diversas cores, e toda aquela escuridão se transformou em luzes coloridas.  O que o levou ao desejo de pedi-la em namoro com uma música dedicada. Só que teria de voltar a estudar a música.

    E voltou. Dia e noite. Seus pais ficaram preocupados. Aquilo estava com cheiro de loucura. Flor brigou com ele porque não lhe dava atenção. Pediu desculpas e brigou de novo trinta vezes. Ele continuou. Queria conquista-la. Conseguiu tocar o tema de Amor Sem Fim com perfeição pra ela. O sorriso de satisfação foi sentido por Pablo. O beijo estralou como a fogueira. Eles ou-viram o Amor.

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  3. Meu microconto dessa semana:
    https://feitobailarina.wordpress.com/2016/03/05/quarta-feira-criativa-02032016/
    A dama de vermelho
    Jóice D’Aviz

    Era uma noite de verão, extremamente quente, normal para a região em que moro. Durante o sono, fui despertada por uma sede fora do natural. Relutei para levantar, mas senti minha garganta seca e a boca ressecada.

    Levantei vagarosamente, não acendi nenhuma luz, pois todos ainda estavam dormindo e eu não queria acordar ninguém Por instinto fui caminhando,com passos de gato, até a cozinha.Abri a geladeira , que iluminou boa parte do ambiente, e fiquei ali bebendo água com a porta aberta. Eis que escuto um barulho que me deixa atônita: uma linda mulher, de pele bem branca (sem nenhuma mancha) , cabelos longos repicados, na cor castanho escuro, e um exuberante vestido vermelho. Mas o que me arrepiou a espinha, foi o fato de seus olhos refletirem chamas.

    Eu fiquei sem reação, enquanto ela me olhava. Até que ela disse algumas palavras indefiníveis, em tom angelical. Eu não compreendi muito o que ela dizia, pois estava hipnotizada por seus olhos. Então ela segurou minha mão e eu pude sentir sua mão extremamente fria tocar minha pele. Ela fechou minha mão e eu senti que havia alguma coisa dentro dela, mas eu não conseguia me mover. E eu fiquei ali, paralisada, vendo ela ir embora vagarosamente. Assim que a visão desapareceu, eu pude abrir a mão e ver que ela havia deixado uma chave comigo. Mas da onde era essa chave? Não sei como voltei ao quarto e quando despertei no dia seguinte, jurei que tudo aquilo fora um sonho. Até encontrar a pequena chave misteriosa em meu criado mudo.

    Eu autorizo a republicação do meu microconto na antologia. 🙂

    Ah sim, antes que eu me esqueça, seu conto ficou muito bom. Parabéns 😉 Aliás todas as produções que li, até agora, ficaram ótimas. Abraço!

    Curtido por 4 pessoas

      1. To have language -and not use it, what a shame. If you don’t mind I prefer to love your words, your sounds, and roll them around -making them a part of me. Thank you.

        Curtido por 1 pessoa

  4. Você escreve de um jeito que eu gosto e adorei a quarta feira criativa. Ótima ideia! 😉

    Vamos lá, a primeira vez no blog dos outros a gente nunca esquece:

    Paint a picture.

    Andava pelas ruas, pela rua. Talvez o Maximo de perigo e adrenalina que teria para essa noite. Dizem que a ventania da primavera leva os maus espíritos pra longe, mas esse vento primaveril só espalhava o perfume das damas-da-noite de jardins remotos misturando-os com o monóxido de carbono dos automóveis. Ela suspirou.
    Olhava para baixo: O asfalto úmido pelo sereno frio e ácido. Um pé de cada vez, trôpega, pisando em algumas memórias, perguntando-se baixinho até quando se lembraria das coisas que deveria esquecer. Olhava para cima: Letreiros em Néon. Bocas sorrindo seus dentes afiados. Olhares que pegando fogo.
    Suspirou outra vez. Não era lá que gostaria de estar, não era com aqueles seres noturnos que desejava passar a noite, não era esse o plano. Repetia pra si mesma a cada tropeço que isto estava errado, que alguém com amor próprio nunca estaria ali, que tinha perdido o controle, que não era desse jeito, essa hora, que não era esse o lugar. E mesmo assim, aceitou a forma da noite, porque ficar sozinha parecia mais terrível do que todos aqueles barulhos e cheiros e luzes e pessoas e casos sem explicação. “Como se eu estivesse espiando um mundo feito pelo Tim Burton” disse meio bêbada.
    Ergueu a cabeça um pouco mais procurando um lugar onde pudesse sentar e beber. Sentou-se e pediu ao garçom que trouxesse uma taça de vinho. enquanto esperava cantava mentalmente “Will you leeet me romaanticiiizeee, The beauty in our London skiiieees” e, desenhava com os dedos o que seria um rosto. Talvez conhecido. Fez enorme esforço ao mover os lábios em forma de sorriso para o garçom que vinha em sua direção trazendo na bandeja: taça, garrafa de vinho e um pequeno cesto com pães regados de azeite e cheirando a alho.
    “Paint a picture/Clear cut and pale on a cold winters day/Shapes and cool light wonder the streets like an army of strays/On a cold winters day…” Bebia o vinho, mastigava os pães e os pedacinhos de alho, enquanto as pessoas ao lado levantavam de suas mesas deixando o salão pouco a pouco vazio. Queria permanecer ali, bebendo, mastigando, pensando em Londres e a contemplar o vai e vem de garçons, até que com delicadeza um deles a mandasse embora e fechasse as portas. “Patient moments chill to the bone under infinite grey/Vision hindered mist settling low like a ghostly ballet”, mas não, ela repete a música baixinho e no mesmo ritmo afasta os pães e bebe mais um gole de vinho. Chamou o garçom. Pagou a conta. Levantou-se firme e decidida por qualquer coisa que não diria a ele. Que não diria a ninguém. Normal. Bêbada. Comum. “Nothing is certain except everything you know can change/Worship the sun but now/Can you fall for the rain”

    Ella Cristina
    https://ellacristin.wordpress.com/

    Abraços 😉

    Curtido por 1 pessoa

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