Nonsense (Sem Sentido)

A literatura nonsense (sem sentido) usa elementos que fazem sentido combinados a outros que não fazem, quebrando a lógica ou as convenções da linguagem. Tornou-se um fenômeno mundial a partir das obras Alice no País das MaravilhasAlice Através do Espelho, de Lewis Carroll [1].

Algumas das técnicas utilizadas nesse tipo de arte são relações problemáticas de causa e efeito, combinações de palavras e fonemas para criação de novas palavras, neologismos, inversões, imprecisões, simultaneidade, repetições infinitas, entre outras. Entretanto, o uso esporádico de algumas delas ao longo de um texto não o classificam como nonsense. Para tal, a obra deve intercalar partes com e sem sentido.

Apesar de o movimento ter se iniciado na literatura, é comum encontrá-lo nos desenhos animados de hoje. Destaco três dos meus favoritos: O Incrível Mundo de Gumball, Apenas um Show e Hora de Aventura. Todos eles vão ao ar pela Cartoon Network e a maioria de suas temporadas está disponível no Netflix. A seguir, apresento a sinopse de cada um deles para provocar sua curiosidade 🙂

O Incrível Mundo de Gumball

O Incrível Mundo de Gumball
O Incrível Mundo de Gumball

Estrelado pela família Watterson, formada pelo pai Ricardo (um coelho rosa), a mãe Nicole (uma gata azul), Gumball (um gato azul de 12 anos), Anais (uma coelha rosa de 5 anos, o membro mais inteligente da família) e Darwin (um peixe vermelho de 10 anos; e sim, ele foi adotado) [2].

O exagero é a marca do nonsense nesse desenho. Gumball tenta escapar das aulas e das responsabilidades enquanto Darwin age como sua consciência. Porém, o peixe geralmente falha em convencer o irmão a não fazer besteiras, o que sempre acaba mal para os dois.

Um pequeno spoiler do primeiro episódio: Enquanto faz um sermão para Darwin sobre como se deve ser cuidadoso com um DVD alugado, Gumball o lava com o lado áspero de uma bucha de cozinha.

Apenas um Show

Apenas um Show
Apenas um Show — Esse é apenas um show comum. Não ligue para ele.

Esse desenho conta o dia a dia dos trabalhadores de um parque público nos Estados Unidos. Parece chato? Não se engane. Sempre que Mordecai e Rigby, um gaio-azul e um guaxinim, trabalhadores do parque, tentam se safar do serviço, eles conseguem causar algum desastre de proporções catastróficas [3]. Além disso, é cheio de referências dos anos 80s e 90s, como pochetes, o console Master System, laserdiscs, Indiana Jones, entre outras.

O nonsense desse desenho sempre vem de uma situação perfeitamente normal. Algum acidente acontece ou os protagonistas só querem fazer algo porque é legal mas é aí que começa o show. Alguma coisa explode, ou um portal se abre, ou alguém vem de outra dimensão, do futuro, ou do passado, ou do espaço. Então, algo que poderia ter sido resolvido apenas fazendo a coisa certa como contar a verdade ou assumir a responsabilidade sobre os próprios atos vira algo complicadíssimo.

Um pequeno spoiler do primeiro episódio: Mordecai e Rigby querem um aumento de salário. Ao invés de simplesmente pedirem ao chefe, eles encontram um teclado que faz com que tudo o que cantem enquanto o tocam vire realidade. Quem disse que eles param depois de pedirem o aumento?

Hora de Aventura

Hora de Aventura
Hora de Aventura

Finn, o humano, e Jake, o cão, são aventureiros na Terra de Ooo, um mundo medieval onde magia e tecnologia se combinam. Fazendo seu trabalho de heróis, passam por vários reinos impossíveis e bizarros, encontrando as mais improváveis criaturas. Além disso, é o mais premiado dos três desenhos [4].

Assistido por crianças e adultos, é diversão pura. Não é preciso muito esforço para seguir a lógica, pois ela é praticamente inexistente! Apesar disso, pequenas partes de episódios bem separados dentro de uma temporada formam uma história intrigante. Assim, algo que pareceu totalmente aleatório em um episódio, torna-se a premissa de um outro, tecendo uma trama a respeito dos pais de Finn e Jake, da Terra de Ooo, seus habitantes e mistérios.

Um pequeno spoiler do primeiro episódio: Finn e a Princesa Jujuba estão tentando trazer os doces que morreram no Reino Doce de volta à vida. Algo sai errado e doces-zumbis começam a se proliferar no reino. Entretanto, seus habitantes são muito sensíveis e, se souberem que há algo errado, explodem. Assim, Finn, Jake e a princesa tentam de tudo para evitar que os doces descubram que há um problema, enquanto trabalham em sua solução.


Espero que tenham gostado desse pequeno ensaio sobre o nonsense, que tanto influencia os desenhos animados de hoje. Se ainda não tiver visto, não perca mais tempo! E, depois, não se esqueça de me dizer o que achou nos comentários!

Referências

[1] LITERARY Nonsense. In: Wikipédia, a enciclopédia livre. Wikimedia, 2015. Disponível em: < https://en.wikipedia.org/wiki/Literary_nonsense >. Acesso em 22 de outubro de 2015.

[2] O INCRÍVEL Mundo de Gumball. In: Wikipédia, a enciclopédia livre. Wikimedia, 2015. Disponível em: < https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Incrível_Mundo_de_Gumball >. Acesso em 22 de outubro de 2015.

[3] REGULAR Show. In: Wikipédia, a enciclopédia livre. Wikimedia, 2015. Disponível em: < https://pt.wikipedia.org/wiki/Regular_Show >. Acesso em 22 de outubro de 2015.

[4] ADVENTURE Time. In: Wikipédia, a enciclopédia livre. Wikimedia, 2015. Disponível em: < https://pt.wikipedia.org/wiki/Adventure_Time >. Acesso em 22 de outubro de 2015.

 

20 comentários sobre “Nonsense (Sem Sentido)

  1. Caraca… Bastante interessante a abordagem! Começo a considerar assistir os novos desenhos da Cartoon Network (sou fã da antiga Cartoon, onde tinha Dexter, Coragem o cão covarde, Turma do Bairro e etc).
    Assisti MAD esses dias… Achei muito divertido!!

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  2. Adoro Alice… um dos meus livros favoritos. Gosto do estilo nonsense. Esses dias estava estudando com minhha filha o movimento artistico que carrega essa característica como principal, o dadaísmo. Alguns desses desenhos jah vi, mas acho meio violento pra crianças.

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    1. Bingo! Eu ia justamente sugerir uma comparação entre Lewis Carroll e o dadaísmo. Mas como também seria interessante lembrar o Teatro do Absurdo (Ionesco, Beckett), Borges, literatura fantástica (Murilo Rubião) e assim por diante, a tarefa seria interminável. Por isso, desisto. Alguém se habilita?

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      1. Bem, depois que escrevi o comentário, fiquei cá pensando com meus botões (aliás, expressão tão luso-brasileira, mas que deve soar como non-sense a estrangeiros). Talvez a diferença básica seja que, enquanto o non-sense de Lewis Carroll decorre de sua formação matemática, que o provoca a buscar o extremo oposto da lógica, o non-sense do dadaísmo decorre de outros procedimentos e motivações, como a aleatoriedade, a provocação “tout court” e assim por diante. Mas é apenas um palpite. Parabéns pelo excelente blog e um forte abraço!

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  3. Gunball!!! É o meu preferido. Tenho um filho pré-adolescente…já viu né. Assisto a todos de vez em quando. Mas o Gunball é de longe o meu favorito. O tipo de humor que gosto. O episódio em que o pai dele resolve trabalhar é impagável. rsrsrs E querido, NONSENCE só se for no superlativo, porque esses desenhos são alucinados. Apenas um show é completamente louco, as vezes chego a inclinar a cabeça como se fosse adiantar alguma coisa. rsrsrs Gostei do artigo. 😀

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    1. Hehehe! Que bom que gostou!

      No momento, estou acompanhando o Hora de Aventura. Já vi até a quinta temporada do ‘Apenas um Show’ e o Gumball vi alguns episódios aleatórios. Gosto muito de todos eles!

      Obrigado pela visita 🙂

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