Olho, sono, balança

Quarta-Feira Criativa – 07/10/15

Quem ainda não teve oportunidade de conhecer as regras, por favor, acesse

https://lucaspalhao.wordpress.com/2015/08/26/projeto-quarta-feira-criativa/

Então, se você for participar, veja a foto a seguir, mas não leia o meu conto, que estará na sequência, até que tenha publicado o seu nos comentários. Dessa vez, eu me empolguei e acabei passando um pouco do limite de 1500 caracteres. Para ser justo, também aceitarei caso o microconto de vocês passe um pouco, ok?

Olho, sono, balança
Quarta-Feira Criativa – 06/10/15

Senti que nosso acampamento na floresta estava sendo observado. Os outros dois ainda dormiam e eu precisava pensar em algo que os acordasse rápido para não serem pegos de surpresa. Magias de fogo não eram o meu forte mas minha ideia podia dar certo. Fechei os olhos e me concentrei nas chamas bruxuleantes da fogueira. Em um momento, minha mente tocava as chamas e dançava com elas. Fiz alguma força, franzindo a testa, para transferir parte da minha energia vital para o fogo. Lentamente, o calor da fogueira aumentava, até que um dos pedaços de lenha emitiu um forte estalo. Uma das bolsas de ar internas havia se expandido e escapado de dentro da madeira. Em menos de um segundo, uma flecha voou do meio da mata, cravando-se no chão, do lado da minha cabeça.

— Silêncio, homens — sussurrou o chefe da guarda enquanto ele e seus três soldados cercavam o acampamento dos ladrões. — Hoje, levamos esses salafrários à justiça. — Vocês dois, preparem seus arcos e você, avance na direção da pequena cabana. O amuleto deve estar em um pequeno baú. Se tudo der certo, pegue-o e volte sem acordá-los. Caso contrário, estaremos prontos.

Apenas um homem havia preparado o arco e mirado na direção de um dos que dormiam no acampamento. De repente, um estalo os assustou e o que estava pronto disparou sua flecha. Ela voou, impiedosa, e atravessou o crânio de um encapuzado. O chefe e o outro dispararam o mais rápido que puderam, atingindo os outros dois, que nem sequer se mexeram. Enquanto isso, o terceiro guarda havia se jogado de volta na mata.

Apenas por gestos, mandei um dos ladrões, recém acordados pelo barulho, pegar o baú na cabana. Depois, apontei o caminho entre as árvores, livre dos guardas. Fugimos os três. “Os guardas não ficarão nada felizes quando os corpos desaparecerem. Magias de ilusão, essas sim, são o meu forte.”

16 comentários sobre “Quarta-Feira Criativa – 07/10/15

  1. Olá… hoje cedo quando vi seu post já pensei… Dessa vez vou escrever… Sentei aqui e pensando saiu isso… Espero que goste…. É um prazer sempre participar…

    Uma soneca filosófica

    A noite era sempre bem-vinda na casa dos Açores. As velas, os lampiões e o fogão de lenha eram acesos antes com o cair da tarde. Conforme a escuridão invadia a casa, o brilho amarelado das chamas tornava o ambiente charmoso e aconchegante.
    Magda na cozinha preparava o jantar. Morava ali na casa ela e o pai, um senhor silencioso e inteligente amante da filosofia.
    Ela o admirava por seus pensamentos e por seus conselhos sempre acalorados de positivismo e racionalidade, algo que trazia pra vida deles um equilíbrio emocional.
    Ali na cozinha ela observava o velho pai sentado na poltrona que lhe era favorita e que havia adormecido com o livro que lia nas mãos.
    Magda preparou a mesa para o jantar e caminhou até o pai para despertá-lo. O pai sonhava que era um grande pensador do século XVII e quando despertado, olhou para a filha e falou:
    – Podemos escolher entre estar feliz ou estar triste? Temos como optar por esta decisão?
    Magda olhou para o pai com carinho, lhe segurou as mãos e falou:
    – Ah, papai! Sonhando outra vez… Venha! Vamos jantar.

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    1. Adorei, Laynne!

      Isso me lembrou um episódio do desenho dos Caça-Fantasmas.
      Quando eles combatem o fantasma João Pestana (Sandman), que faz o pessoal dormir, no sonho do Egon, que é o cientista da equipe, ele se encontra com o Einstein e vai embora conversando com ele sobre física!

      Muito obrigado por participar.
      Vai ficar ótimo na nossa antologia 🙂

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      1. Adorava os Caça-Fantasma. Mas, não tenho uma memória boa como a sua… Mas, sempre que consigo me inspirar em algo eu vou participar… Que bom que gostou.

        Ontem estava assistindo umas palestras de Filosofia, sobre Espinoza. Então, acredito que ele tenha me provocado e me influenciado um pouco.

        Grande abraço

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  2. JUSTIÇA ADORMECIDA

    Zé, pois todo brasileiro nasce Zé, uns mané, outros chulé, outros ainda, “sabe como é”…
    Por quantas vezes o Zé não manteve seus olhos bem abertos, abertos não para observar o que deveria e sim para olhar a piriguete que passava e enquanto isso as coisas que deveriam ser observadas passavam sem conhecimento. Foi assim que Zé cresceu, sem cultura, sem escola, sem emprego, sem noção, brasileiro de coração que torce pro mengão e é apenas isso no restante ele fica como se estivesse adormecido.
    Zé só reclamava da justiça quando seu time perdia ou recebia algum tipo de multa por não cumprir regras desportivas ou por burlar o leão.
    Zé nasceu cabra, cabra macho pra chuchu, quando teve a convocação para Copa do Mundo, zé mesmo desempregado e sem comida para suas crianças acordou pela madrugada, andou quilômetros apenas para entrar em uma fila quilométrica de voluntários para trabalhar na Copa, assim pensava Zé estaria perto de seus ídolos que assim como Zé são analfabetos funcionais, porém, a vida lhes deu a sorte grande um trabalho que somente grandes homens podem fazer, chutar uma bola e ouvir um estádio inteiro gritar, uma palavra que todos entendem mais anda difícil de agarrar, gol.
    A justiça continua adormecida, afinal nosso próprio hino declara, “deitado eternamente em berço esplendido…”.
    Nada aqui contra o Zé, contra o mengão muito menos as piriguetes, meu foco sempre foi e será a “In-justiça”.
    Titulo: Justiça adormecida – publicação autorizada – Blog Unobtainium – autor: Cláudio El-Jabel

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  3. Entrei na grande sala e meus olhos encontraram ali, prostrado numa cadeira enorme, um homem que outrora fora austero e que agora se apresentava quase que desfalecido. Aquele seu momento entre vida e morte, se visto por outro qualquer, parecia de um velho senhor que dormia… Entretanto, muito mais acontecia: contei quatro vultos negros ali grudados nele, sugando suas energias. Há! Esqueci-me de mencionar, sou um espírito, como aqueles vultos que estavam ali na minha frente, mas não necessariamente iguais, somos de classes bem distintas! Havia algumas pessoas encarnadas, ou seja, vivas, ali também. Voei rapidamente, fazendo balançar meu sobretudo materializado como que se fossem asas de um anjo, colocando-me defronte aos agressores espirituais:
    – Peço com gentileza que parem de atormentar este homem…
    – Um absurdo! Ele é um político corrupto! Vamos continuar aqui como uma balança da justiça para que ele pague por tudo o que ele fez! Vá embora! – Um dos vultos malignos respondeu furiosamente.
    Os vultos pularam para me atacar. Não tendo alternativa, engajei-me em combate.
    Durante a luta, os encarnados continuavam agindo normalmente, afinal de contas eles não podiam ver “fantasmas”! Uma jovem senhora abriu as gigantescas janelas no mesmo instante em que o vulto que me respondeu saiu voando por esta após meu pontapé bem no meio de seu peito. Outros dois fugiram, o que ficou, perplexo com tudo, encolheu-se num canto, com medo e envergonhado da surra que levara, tremendo ao perceber que estava diante do “CAÇADOR DE DEMÔNIOS”.
    Apesar de muitos considerarem meus métodos um tanto quanto exagerados, estendi a mão para o vulto que estava acuado no canto da sala. Senti que ele foi tocado e possuía vontade de evoluir e sair daquela situação em que se encontrava. Ele, vagarosamente, deu as mãos para mim e levantou-se, pedindo perdão…

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